User:Ftrebien/Drafts/Classificação viária hierárquica funcional no Brasil

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Em elaboração.

Referências fundamentais

Urbanismo vs engenharia de tráfego

Os planos diretores das cidades brasileiras em geral classificam as vias funcionalmente atribuindo-lhes as seguintes funções previstas no Código de Trânsito Brasileiro: rodovia (110 km/h), trânsito rápido (80 km/h), estrada (60 km/h), arterial/estrutural (60 km/h), coletora (40 km/h), local (30 km/h). Essa terminologia corresponde diretamente ao  sistema de classificação funcional dos Estados Unidos, para o qual existe uma proposta de equivalência no OSM que por enquanto foi aplicado só a algumas regiões, mas que equivale à classificação mais tipicamente usada na Europa central, Rússia, Canadá e Austrália.

Essa definição relaciona a visão urbanística com a visão da engenharia de tráfego, que geralmente classifica as vias com base na capacidade total da via, fruto da combinação do limite de velocidade com largura e restrições (tipo de acesso, interrupções/obstruções, etc.).

A definição exata de cada categoria varia ligeiramente por local, com algumas poucas cidades, como Belo Horizonte, adotando uma classificação baseada no perfil viário (estrutura física das vias).

As duas correntes de pensamento são compatíveis em quase todos os casos, mas nem sempre. Há pontos específicos do sistema em que o grau de desenvolvimento infraestrutural está abaixo daquele que é de fato necessário, um problema político. No OSM, não há uma preferência explícita por nenhuma das duas visões, mas a maioria tem preferido a classificação funcional, que está mais relacionada à visão urbanística e é, de forma geral, mais neutra e mais interessante para o usuário final.

Características desejáveis e indesejáveis num sistema de classificação

  1. Clara distinção das vias importantes
    1. Diferenciação clara da importância entre vias paralelas/próximas
  2. Sistemas fechados/malhas contínuas (cada nível se prende à malha mais alta na hierarquia, de preferência sem pontas soltas)
    1. Compatibilidade transnacional (afinal, é necessário classificar as conexões entre países e não é interessante que a classificação mude sempre que se cruzar uma fronteira)
  3. Significado pouco mutável: "primária" e "trunk" representam a mesma coisa independente do grau de desenvolvimento local, de preferência aproximadamente o mesmo significado entre países diferentes
  4. Significado simples: simplifica o trabalho de avaliação dos mapeadores e a compreensão dos usuários e evita discussões desgastantes desnecessárias

Classificação genérica do OSM

(figura aqui)

O problema principal dessa classificação é que a avaliação dos primeiros níveis (motorway, trunk e primary) requer um grande esforço de comparação entre vias. Isso pode ser resolvido discutindo esses níveis na lista principal e deixando os demais níveis para discussão regional, contanto que o resultado final seja similar ao praticado nos demais locais.

Adaptação ao Brasil

Vias motorway, trunk e primary são decididas em discussão com a comunidade nacional. Após a classificação inicial, não as altere sem contatar a comunidade.

Vias secondary e tertiary são decididas pelas comunidades:

  • estaduais quando ligam cidades diferentes
  • municipais quando ocorrem na zona urbana de uma cidade

REORGANIZAR TABELAS PARA REFLETIR A VALIDAÇÃO

Casos especiais (têm precedência)

Objetivo principal de projeto Via Tipo de critério Requisitos Detalhes
Pedestre steps Estrutura Degraus (mesmo que espaçados) Importante para o roteamento considerando a acessibilidade.
pedestrian Estrutura e status Logradouro e ampla e segregada Muitas vias dentro de parques são amplas, nem por isso são classificadas como "pedestrian".
Automotor track Área e status Não-pública e dentro de fazenda ou de floresta
service,service=driveway/parking_aisle Área Dentro de lote urbano (propriedade particular) ou estacionamento
service,service=alley Estrutura Estreita (viela/ruela) Perfil extremamente atípico.
motorway Estrutura Trânsito livre e ligada por motorways até uma capital/metrópole (1) Sem interseções em nível, sem semáforos, com rampas de acesso e faixas de ingresso e saída.
  1. Restringir a classificação dessa forma (ligação com a malha de motorways partindo da capital) estabelece a mesma origem tanto para o sistema trunk quanto para o sistema motorway, evitando a alternância excessiva de classificação (motorways às vezes são construídas antes de adequar sua conexão com o resto da malha), e assim produzindo um resultado mais agradável e similar aos objetivos da classificação genérica.

Casos comuns

Principal objetivo de projeto Via Tipo de critério Função de tráfego/urbanística - escolha a primeira linha em que uma coluna qualquer é satisfeita (exceto a coluna Status alternativo)
Regra geral do OSM adaptada ao Brasil Classificação funcional segundo o CTB (10) Adaptações da regra geral do OSM (10)
Rota principal (9) entre lugares com no mínimo: Tipo de tráfego urbano (1) Status (2) Status alternativo (a discutir) (3)
Pedestre (7) foot Intenção de projeto
Ciclista (7) cycleway Intenção de projeto
Ônibus (7) service=bus Intenção de projeto
Automotor trunk Uso e gestão 1 milhão de habitantes, ou capitais/metrópoles menores BR de 80 km/h ou mais (4)
primary Uso e gestão 100 mil habitantes Rodovia estadual de 80 km/h ou mais (5) Rodovia de 80 km/h ou mais (4)
secondary Uso e gestão 10 mil habitantes/visitantes (6) Arterial: tráfego de passagem (~60 km/h) Rodovia/estrada de 60 km/h ou mais (5) Rodovia/estrada de 60 km/h ou mais (5)
tertiary Uso e gestão 1 mil habitantes/visitantes (6) Coletora: tráfego misto passagem+local (~40 km/h) Estrada municipal Estrada municipal
unclassified Uso e gestão Outros lugares (place=*) Local sem moradores (~30 km/h) Estrada vicinal Estrada vicinal
residential Uso e gestão Local com moradores (~30 km/h)
Indeterminável ou conflitante (8) path
  1. Determinada a partir do plano diretor municipal (favor compartilhar com a comunidade para gerar consenso) ou a partir da sinalização de limite de velocidade (melhor preditor objetivo disponível) ou, em última instância, da largura e da pavimentação da via (em locais menos desenvolvidos). Caso não seja possível determinar, deve-se ser conservador e escolher a classe mais baixa possível (geralmente residential ou unclassified).
  2. Similar ao adotado no Canadá, na Austrália, na Argentina, etc.
  3. Mais próximo do resultado do método genérico.
  4. Note que nenhuma via nesta categoria ou na superior é não-pavimentada.
  5. Note que há vias pavimentadas e não-pavimentadas nessa categoria.
  6. Inclui destinos sazonais/turísticos e locais de trabalho específicos (parques comerciais/industriais/científicos), contanto que o fluxo seja regular (pelo menos 1 dia por ano) e o número de pessoas atraídas seja equivalente ao do lugar associado à via (10 mil para secundárias, mil para terciárias).
  7. Caso a via não seja segregada de um fluxo motorizado (a via faz parte do "perfil viário" da via principal), use sidewalk=*, cycleway=* ou busway=lane na via principal.
  8. Múltiplas funções igualmente importantes, ou função principal não é prevista no OSM, ou espontânea (não foi construída nem pelo poder público nem pelo proprietário), ou é um trajeto por espaço não-construído, ou irregular/ilegal. É o caso de ciclovias combinadas com calçada sem segregação, caminhos pisoteados por pedestres em gramados/parques, trajetos de caminhada (hiking), picadas abertas no mato por extrativismo ilegal, vias específicas que não são nem calçada, nem ciclovia, nem hipovia, etc.
  9. A rota inicia no núcleo de trânsito dos dois extremos, mas é tratada de forma diferenciada dentro destes: conectam-se as entradas (ou seja, não necessariamente vai até o núcleo). Essa nuância é importante em algumas cidades que não se desenvolveram radialmente de forma uniforme, como São Paulo.
  10. Tipo de adaptação adotada com frequência em outros países, principalmente naqueles com o maior número de colaboradores.

Note que o CTB permite atribuir a velocidade máxima legal na ausência de sinalização, dependendo do status legal da via, que pode ser obtido nos planos diretores das cidades (algumas definem a velocidade máxima específica para cada tipo de via diferentemente do CTB) e nos mapas estaduais do DER. A velocidade é, portanto, parcialmente relacionada com a classe da via.

Validação das combinações possíveis

Para saber se esta proposta funciona bem, considere a seguinte matriz de combinações, onde:

  • S = sim
  • F = obrigatoriamente falso (em consequência do "sim")
  • N = não (porque há um caso anterior que já trata a regra)
  • T = tanto faz
Ordem Tipo de critério Regra Classe Casos
A B C D E F G H I J K L M N O P
1 Estrutura Degraus steps S F F F F F N N F N N N N N N N
2 Área e status Circulação de veículos de serviço em fazenda ou floresta track F S F F N F F F F F F F F F F F
3 Projeto Principalmente para ciclistas cycleway F F S F F N N F F N N N N N N F
4 Projeto Principalmente para ônibus público busway F F F S N N N F F F F F F F F F
5 Área Circulação de veículos comuns em lote particular ou estacionamento driveway F T F T S N F F N N N N N N N F
6 Estrutura e status Estreita, pública e permitida para veículos comuns alleyway F F T T T S F N F N N N N N N N
7 Estrutura e status Ampla em logradouro público permitida para pedestres e proibida a veículos comuns pedestrian T F T T F F S N F F F F F F N F
8 Projeto Principalmente para pedestres footway T F F F F T T S F F F F F F N F
9 Estrutura Pública, trânsito livre e ligada à origem do sistema motorway motorway F F F F F F F F S N N N N N F F
10 Rota e status Rota pública entre metrópoles ou BR de 80+ km/h trunk T F T F T T F F T S N N N N N N
11 Rota e status Rota pública entre cidades maiores ou rodovia estadual de 80+ km/h primary T F T F T T F F T T S N N N N N
12 Rota e status Rota pública entre cidades menores, ou arterial, ou rodovia/estrada de 60+ km/h secondary T F T F T T F F T T T S N N N N
13 Rota e status Rota pública entre vilarejos, ou coletora, ou estrada municipal tertiary T F T F T T F F T T T T S N N N
14 Rota e status Rota pública entre outros place=* não-urbanos, ou local sem moradores, ou estrada vicinal unclassified T F T F T T F F T T T T T S N N
15 Área Pública local com moradores residential T F T F T T T T F T T T T T S N
16 Indeterminado Intenção principal de projeto indeterminável, conflitante, múltipla ou inexistente path T F F F F T F F F T T T T T T S

Adaptação ao Brasil (simplificado)

  • Característica em itálico: representa uma adaptação da regra genérica ao contexto brasileiro
  • Coluna ordem: representa a precedência das regras (vale a que for satisfeita primeiro)
  • Coluna modal principal: representa o tráfego para o qual a via foi intencionalmente projetada; se não for construída nem tiver projeto próprio, use path
Ordem Via Decisão Todas obrigatórias Pelo menos uma obrigatória Casos de validação da ordem
Sim, Não, Tanto faz, Falso sempre
Estrutura ou entorno Modal principal Pública Rota Status regional Status municipal A B C D E F G H I J K L M N O P
1 steps Local Degraus S F F F F F N N F N N N N N N N
2 track Local Fazenda ou floresta Veículos de serviço Não F S F F N F F F F F F F F F F F
3 cycleway Local Ciclista F F S F F N N F F N N N N N N F
4 service=bus Local Ônibus público F F F S N N N F F F F F F F F F
5 service=driveway Local Carro F T F T S N F F N N N N N N N F
6 service=alley Local Estreita Carro Sim F F T T T S F N F N N N N N N N
7 pedestrian Municipal Ampla Pedestre Sim Logradouro T F T T F F S N F F F F F F N F
8 footway Local Pedestre T F F F F T T S F F F F F F N F
9 motorway Nacional Trânsito livre (4) Carro Sim Desde a metrópole raiz (1) F F F F F F F F S N N N N N F F
10 trunk Nacional Carro Sim Entre metrópoles Rodovia federal de 80+ km/h T F T F T T F F T S N N N N N N
11 primary Nacional Carro Sim Entre cidades maiores + superiores Rodovia estadual de 80+ km/h Trânsito rápido (~80 km/h) T F T F T T F F T T S N N N N N
12 secondary Estadual Carro Sim Entre cidades menores + superioes Rodovia/estrada de 60+ km/h Arterial (~60 km/h) T F T F T T F F T T T S N N N N
13 tertiary Municipal Carro Sim Entre povoados ou lugares similares (2) + superiores Estrada municipal Coletora (~40 km/h) T F T F T T F F T T T T S N N N
14 unclassified Local Carro Entre outros place=* ou sem moradores Estrada vicinal Local (~30 km/h) T F T F T T F F T T T T T S N N
15 residential Municipal Moradores Carro Local (~30 km/h) T F T F T T T T F T T T T T S N
16 path Local Indeterminável (3) T F F F F T F F F T T T T T T S
  1. É comum o poder público construir trechos de motorways que não estão conectados à malha de motorways existente. No entanto, sempre há a intenção de conectá-las no futuro. Enquanto permanecem desconectadas, o ideal é não classificar os trechos soltos como motorway, para evitar descontinuidades na classificação.
  2. Destinos que atraem regularmente tantas pessoas quanto as que moram num vilarejo (mil ou mais), entre eles: pontos turísticos; parques comerciais, industriais e científicos (shoppings, universidades); estações de tranporte de massa (rodoviária, ferroviária, porto, aeroporto).
  3. Imprevisto no OSM, múltiplo (mais de um modal previsto no OSM igualmente importante), acidental (via não foi projetada, surgiu espontaneamente), ilegal, invisível ou não-construída (ex.: rotas de hiking).
  4. Sem interseções em nível, sem semáforos, com rampas e faixas de ingresso e saída permitindo que o tráfego seja sempre contínuo

Casos limítrofes/controversos

Prós e contras das diversas abordagens à classificação

Problema Critério de classificação
Melhores rotas Tipo de tráfego Jurisdição Infraestrutura
(entre lugares importantes) (passagem, local, misto) (federal, estadual, ...) (faixas, superfície, ...)
Alguma comunidade do OSM insatisfeita ✔ urbanistas (mas pode ser adaptado) ✔ urbanistas (mas pode ser adaptado) ✔ ciclistas e urbanistas
Consenso difícil/subjetividade depende da definição de “melhor rota” ✔ sem plano diretor
Ignora a definição de motorway
Alterada pela a sinalização do trânsito (sentido, proibições, preferências)
Rotas alternativas absorvidas pela via principal ✔ em rodovias
Densidade das vias importantes pode ser alta demais ✔ no centro das cidades
Tendência a alternância de classificação na mesma via
Descontinuidades ao cruzar a fronteira entre países/estados
Importância dada a vias grandes mas pouco usadas
Importância tirada de vias pequenas mas muito usadas
Importância dada a vias pequenas e pouco usadas
Melhores rotas entre pontos quaisquer podem passar por vias de classificação alternada ✔ (mas é raro) ✔ (mas é raro)
Ruas com função de ligação recebem classificação alta ✔ (mas menos)
Validação complexa